segunda-feira, 2 de setembro de 2019

E AGORA! & OUTROS POEMAS * Lucy Almeida - Al/Brasil

E AGORA! & OUTROS POEMAS
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LUCY ALMEIDA
1 - E AGORA!

E agora José, Maria, João?
Toquemos o barco, o sino, a trombeta
Que a vida não pára.
Em nossas ações
Sente-se a leveza
Da alma
Do sonho sonhado 
Do corpo cansado
Da luta reída.
Desmandos
Corrupção 
Ferem nossa hombridade.
No âmago
Nossa dignidade ecoa 
Em grito guerreiro:
Somos brasileiros!

2 - Devaneio

Nas andanças noturnas,
Diurnas,
O quê importa?
Esbarrei à tua porta.
Ofeguei na frescura, na brandura,
Na maciez das curvaturas,
No centro da luxúria me perdi...
Fui à loucura!

3 - Amigos, amigos

No salão a música romântica
Embalava casais enamorados
Estávamos também a dançar 
Bem agarrados
Mas éramos apenas amigos
...........................................
Finda a festa, cai um temporal
Frio e vento forte lá fora
Impedia que fôssemos embora  
Trêmula, encolhida, 
Procuro em mim mesma me abrigar 
Aconchego-me e deixo escapar:  
- Ui! Que frio!
Entendestes que te dera uma cantada
Imediatamente senti-me agarrada
E zás, estava sendo beijada
- Pare! Você entendeu mal!
Beijo entre amigos, não é normal. 
Ainda por cima num encontro informal.
Minha reação te desarmou
Os desaforos que te falei 
Nem a chuva lavou.


4 - ¨Orgulho de ser nordestina¨ 

Por essa e tantas outras 
Que teimam invisibilizar
Valores que incomodam 
Àqueles que nos querem derrubar 
Hostilizam o nordestino 
Por inveja e por despeita 
Cabeça erguida e alma limpa 
Sempre como resposta
Honradez, dignidade,
Isso que nos importa!


5 - Berço cultural

Lucy Almeida

O som do ¨batuque¨ ecoa
Ultrapassa o arrabalde
Toma conta da cidade
A dança o acompanha
Com ginga, suor e raça
Pisado forte ou suave
Com leveza e muita graça
Samba, reggae, afoxé,
Frevo, breake, hip hop,
Guerreiro, taieira, chegança,
Reisado e outras festanças
Que mexem com as raízes
Acordam nossas heranças
Por isso e tantas outras
Não devemos olvidar
Que a periferia 
É o berço da cultura popular 
E no contexto social
Insistimos em esconder
Esse legado milenar
Porque no universo perdura
Que a identidade de um povo
Está na sua cultura 

(27.11.2016, 18:49 h, praia do Francês)

6 - A Batalha

Lembrou uma imagem linda
Da Era Medieval 
El Cid contra Spartacus
Dois cavaleiros 
Em disputa cavalgando
Entre a sujeira trotando
Na areia da praia
Da Avenida da Paz
A Chuva parou pra ver
O Sol morno despontou
E as Águas turvas do Mar
Suas Ondas abrandou
Nossas belezas são tantas
Que à Mãe Natureza desponta
Ao Homem vai a lição:
Respeitar o meio ambiente
É salvaguardar
As futuras gerações!
(13.07.2017; 12:25 h. Hoje cedo quando passei pelo local a figura dos cavalos felizes na disputa chamou a minha atenção.)

7 - O QUE É FELICIDADE

A felicidade está em mim
Basta eu querer enxergar
Nos outros estão o suporte
Para minha felicidade amparar
Felicidade é bem-estar
É desfrutar das belezas
Que a vida tem para nos dar
Um sorriso, um olhar
Um abraço, um soluçar
Até mesmo um tropeçar
Tudo tem um porém
Nessa vida do Bom Deus
Que devemos respeitar
Meu pensamento é meu guia
Para a felicidade encontrar
Valo-me da sabedoria
Reflito sobre as divinas profecias 
Também das contidas na cultura popular
Mas, essa tal felicidade 
É difícil de achar
Quem sabe onde se pisa
E o que se quer alcançar
Traçar uma pista certeira
Trilhar um caminho com firmeza
É a rota mais precisa
Para ser feliz
E a felicidade vivenciar

(04.05.2017, 13:05 h) 

8 - UM GESTO DE AMOR

¨Fazer o bem, sem olhar a quem ...¨
É pragmático. Parece bíblico!
Será que necessitamos de uma data,
De um dia específico, ou de um empurrão da massa
Para por isso em prática?
Pedintes. Idosos. Vira-latas
Fazem parte do cenário 
Uma tela de miséria que intriga a quem passa
Que segue o caminho sem olhar para os lados,
Sem se importar com a raça.
É tão rotina! 
É tão mesmice! 
Quase chatice ...
Um olhar paira na cena.
Um gesto, um sorriso, 
Um pulsar, um gritar que persiste: 
Vem, o Amor existe!

(19.03.2017, 03:14 h.)


9 - S.O.S FLOR DE LIS
Um dote
Suporte
Sou infante
Me adote
Aumente seu dote orçamentário
Comprima o meu imaginário
Infância
Morte à minha dignidade
Adote
Mercantilize
Capitalismo invisível
Suporte
Sob as leis
Sufoque
ECA!
Tem trote
Aporte
Comércio pueril
Gente miúda
Intenção graúda
Inocente geme
Grana
Sociedade engana
Dote
Adote
Sôfrego 
RE PU DI O
Isso não é amor!

(04/05.07.2019; 01:55 h. Após caso de assassinato de membro da família que fizera adoção de cerca de 50 crianças com 12 anos, amparadas pelo ECA ...)


10 - Cristal

As palavras francas golpeiam nosso âmago com pingos de amor. 
Nos arrancam cânticos de prazer e destemor. 
Externar nossa alma sem temer controvérsias vai muito além, supera a dor. 
Parece loucura. 
Mas, somos poetas! 
(01.04.2017, 22:53 h)


11 - Faxina

Sábado é dia
De academia
Das Letras, das Artes, do Lar,
Da fobia
Tenta curar
A disritmia
Torce o abdômen
No tapete
Sob o homem
Na cama
Sobre o macho
Limpa o capacho
Lava pratos
Contorção corporal, sensacional,
No varal.
Banha o animal, sensual,
Musculação, distensão, distinção,
Manipulação facial.
Varre o quintal, pilota o fogão,
Faz arrumação, lustra o chão,
Com sermão
Regula malcriação
Da filiação.
Prazeres, desgostos, angústias,
Solidão!
Sina, cena, senda,
Da fêmea.

(12.08.2000) 


12 - DEMOCRACIA

Democracia. 
Direitos iguais.
Tudo isso é muito lindo!
Desde que não apontem
Meus atos ilegais.

Quem mais grita e se esperneia
Que se alcunha democrata
Devia estar na cadeia
Por crime de lesa pátria.

Engodo do mais vil
Abusam da honestidade
Aviltam a dignidade
Do povo do nosso Brasil.

(19.03.2019, 17:12 h)


13 - Desejo febril


Quero o meu país limpo
Sem precedentes
Nem que ele seja lavado
De ponta a ponta
Com uma escova de dentes

A disputa pelo poder
Quero ver o ano inteiro
Os poderosos sisudos
Alavancando 
Suas cadeiras de barbeiro

A massa entrelaçando a carcaça 
Entupida de magias
Corpo em copos marfim
Utopia
Caminhando e cantando
Em romaria
Sobre as rugas do chão escaldante
Seguem a estrela cadente
Serpente
Movente
Sorridente
Crente
Confiante
Amante febril
Varonil

(02.07.2019: às 12:46)
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DADOS DA AUTORA

LUCY ALMEIDA, pseudônimo de Marluce de Almeida Carlos. É natural de Maceió, Alagoas. Nascida a 05 de abril. Escritora, atriz, poetisa, professora jubilada. Em 2018 recebeu a comenda Mulheres que Escrevem Alagoas, pela SECULT/AL. Publicações: nos livros - O Falar das Letras, poemas Mãe Margarida, Costurando Sonhos, Poema de uma Histerectomizada; PENSANDO A GESTÃO CULTURAL – Reflexões e Práticas nos Contextos Regionais, Seção IV – Iniciativas Culturais, Ministério da Cultura-MinC, artigo Quintal Cultural: uma ideia para ser imitada, p. 128-138; Antologia Poética Doce Poesia Doce, poema Mulher!, p. 50. E-book: Antologia Poética:  Poesia Pau Brasil IV, Biografia p. 36, poemas Costurando Sonhos (prosa poética), p. 37, Mãe Margarida, p. 38, Atum da Mamãe, Atração Fatal, p. 39, Poema de uma histerectomizada, Enigma, p.40. Grupos virtuais: Confraria: Nós, Poetas; www.portalescritores.com.br; www.recantodasletras.com.br, Cordel Improvisado, dentre outros. Sempre uso a expressão: (Quando poetizo, sou Lucy Almeida, seguida de data, hora e ás vezes local e motivo da inspiração do poema).  
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