quinta-feira, 11 de julho de 2019

Canção Brejeira & Outros Poemas * Luiz Pereira da Costa - DF

Canção Brejeira & Outros Poemas
Luiz Pereira da Costa - DF
*
CANÇÃO BREJEIRA


Minina linda estes teus oios,
Que são de se admirá!
Fais cum que ‘eu sinta um fogo...
Dentro do peito a queimá.
É um mundo de emoção...
Que fais o cantô numa canção...
De alegria chorá.

Nunca vi coisa mais bela,
Nem mais apetitosa que tua boca!
E quando ocê passa a lingua nos beiço...
Me isquenta e me sufoca.
Transgredi meu coração...
Me dexano numa afrição
Com a boca e a guela seca.

E esses teus cabelos preto!
Pelas costa esparramado.
São cumo águas de riacho...
Escorrendo no cerrado.
Te juro minina eu morro...
Gritando a ocê pru socorro...
Totarmente apaxonado.

Prumodi isso quando eu morrer,
Vô pidi a Deus pra vortá!
Num lugazim quarquê de ocê...
Pra que assim eu possa ficá.
No teu corpo impregnado...
Cumu uma tatuage istampado...
E nunca mais te largá


*


COISA DE MATUTO DE VERGONHA


Seu moço ‘eu istô quebrado
Uis borsos tudo furado
Num tenho neium tustão
Pareço  um cavalo manco
Num tenho conta nuis banco
Tô passano pricisão 
Lá im casa a muié
Vivi pega no no meu pé
Me chamano de vagabundo
É pramodi armentá meu trumento
Tô drumindo no relento
Pois ela me ispurso da minha cama
E mim mandô trabaiá
Pramodi o meu propi sustento

Maisi o pior ocê num sabe
É num pode imaginá
Du lado da minha casa
Tem uma anja sem asa
Quereno mim fazê um agrado
A danada é um violão
E ainda tem um bundão
Que mim dexa incabulado
Aí intonsse 'eu lhe pregunto
Sem mudá o nosso assunto
O que o sinhô fazia
Essa carne cumeria
Dava de garra nessa anja
Já que vêi só comi canja

Cunheço bem o ditado
E inté é do meu agrado
Já que é ansim que diz o povo
Pra alimetá cavalo veio
O remédio é capim novo
Porém tem mais um porém
'eu num tenho nenhum vintém
Pramodi essa diaba agradá
Cum ela mim consolá
Mim dá um poquim de alimento
Acabando o meu trumento
Aí mim apariceu um diputado
Dizeno é do meu agrado
Agente lhe ajudar

O que ocê tem que fazê
Pramodi sua probreza arresorvê
É  minha proposta aceitá
Sua conta mim imprestá
Pramodi 'eu lavar um dinheiro
Que veí lá duis istrangero
Ardispois de recebê
O que ocê tem que fazê
É tirá o seu primero
Ardispois pega a minha parte
É prática a nobre arte
De depositar nessa conta
Vó istá  na outra ponta
Pra minha parte sacar

Que mardita tentação
Pramodi de quem num tem um tustão
E vê a vida num nó
Cada dia mais pió
Só passano pricisão
Tê dinhero pramodi gastá
Sem pricisá trabaiá
Dibaxo desse solão
Mais cumo sô um capial honrado
Disse assim diputado
Ucê acha que sô ladrão
Pramodi aceita currpção
Ê ir pará na prisão
Prucausa de arguns trocado

Ele disse que trocados
Estou falando de milhão
Quem sabe uns dois ou três
Dependendo de você aceitar
Eu preciso me eleger
Pra continuar a roubar
Você leva a sua parte pomposa
Pra gastar com aquela rosa
Que vive a lhe incomodar
Pegue a grana e se um dia
Foram a você perguntar
Você diz que foi na loteria
Que você conseguiu ganhar
Num jogo um bom dinheiro

Num é que ‘eu esteja certo
Mais tumem num tô errado
Ninguém consegue trabaiano
No cabo de um arado
Pois quem trabaia num tem tempo
Pramodi dinhero ganha
Intonse fui pensa direito
Num é que aquele sujeito
Tem um poco de razão
‘eu que tô na pricisão
Depois de tê trabaiado
Hoje sô aposentado
Ganhano uns poco trocado
Que num dá pro meu sustento

Mais falei pramodi o diputado
‘eu sô um home honrado
E num vô sê chamado de ladrão
Prumodi da sua currpção
Ele disse seu pobre matuto
Você me parecia astuto
Mais ão passa de um jumento
Que não tem nem pra o seu sustento
Vai dispensar a oportunidade
De ganhar sua liberdade
Além de uma boa grana
Pra gastar com a gostosona
Eu encontro outro sujeito
Pra me emprestar sua conta

Finalizo o meu lamento
Com a cara de um jumento
Mas com minha dignidade
Pra que eu quero liberdade
E um bom dinheiro na minha conta
Se eu sei que a corrupção
Acaba com nossa nação
É um mal de encomenda
Que rouba até a merenda
Das nossas pobres crianças
Acabando com suas infâncias
Prefiro comer com a testa
Aquela muié violão
Do que me torna um ladrão
Pra ficar com a gostosona

 BIOGRAFIA RESUMIDA

Luiz Pereira da Costa, em Sobradinho II Brasília – DF. Nascido na Cidade de Cristalândia Estado do Tocantins, 60 anos de idade, Poeta, Escritor Romancista, Filósofo, Poeta Popular (cordelista), Mestre em Folguedo e Cultura Popular, Músico e Compositor. Escrevo desde os 25 anos com mais de 8 livros de poesias escritos, que vão do barroco ao contemporâneo. 1 livro de poesias (acrósticos) 2 de Mensagens Filosóficas, Pequenos Poemas em Versos e Prosas, Pequenas Mensagens – Grandes Verdades, 30 romances, 256 história em Literatura de Cordel. Delegado nas Conferências Nacional de Cultura nos anos de 2003, 2005 e 2007. Membro da Academia Brasileira de Jovens Escritores, Academia Brasileira de Literatura de Cordel, Membro da Academia Virtual de Letras Cadeira 41, Fundador e Presidente da Academia Sobradinhense de Artes e Letras, membro da Academia Brasileira de Literatura de Cordel, membro da Academia Brasileira de Jovens Escritores. 
***

Nenhum comentário:

Postar um comentário