Braços do Sol e Outros Poemas
Henrique Lucas - AM
O PÃO DAS ÁGUA
Braços do Sol
Merso que prateia lendas e encantamentos
E banha de fertilidade os caboclos em acalanto
Que nas hiléias densas rasga a física do tempo
No cultivo das várzeas féculas e alimento
É o rio de Ajuricaba a força, a arribação
Que nos moinhos de águas barrentas e escuras
Cascateia o eu lírico das pontes da inspiração
Banhando as cidades e mitigando a sede da população
Éden de pipas - borboletas e ninhais tropicais
Que arrebenta os berçários em crônicas geniais
Nas fábulas das Yaras e contos das cigarras
Torna-se pátria das canoas das guerreiras
Doretes Entre sonhos e girassóis o nascer à parição
Madeira, Negro, Purus, tapajós e Solimões
Abraço-te oh Amazonas meu doce pulmão
Neste Mar Norte de palácios verdes
Os sonhos de Orellana o conquistador
E a saga dos nordestinos, povo sofredor
Brotaram feitos beija flor em lirismo tropical
Nas Tabatingas, pedras pintadas e Cachoeiras
No batismo e comércio do látex das seringueiras
Abracemos os berçários e vaga-lumes - farol
No florescer da Poesia dos Braços do Sol
Pernambuco meu Nordeste destemido
Vem do sol, da terra, das ondas do mar
Vem das areias, corais e litorais
Nos versos da poesia a rimar
Vem meu Pernambuco
Meu horizonte lugar
Nas janelas da Recife colorida
Maracatu, frevo e sobrados
O Capibaribe rio da minha vida
Pelo mangue, meninos e caranguejos
Paranãpuka foz de velas destemidas
Teu beijo de açúcar e café
No romance de um mangue de fé
Peixes de lata, de plásticos e desatinos
Viva a literatura de João Cabral
Viva Pernambuco, meu Nordeste destemido
MENINOS DE PAPEL
Na eternidade do Sol
Uma chama vem de teus olhos ardentes
E o teu sorriso-veneno é um tremendo fogaréu
Um oceano me afoga rapidamente
Mais meu coração pega fogo em teu calor
Para onde ir, para onde fugir
Se tua imagem é fagulha celeste
A conexão do divino amor
Respiro a tua canção
Esculpida em uma rede digital
Numa viagem, em um porto de areias
Vejo teu rosto numa tela marginal
Sem esquecer jamais
De teus olhos de fogo
Do abraço de felicidade
Dos segredos de um cálice
De um calor efêmero
Na eternidade do sol
SAUDADE E PAIXÃO
Perdidos
O perfume das flores nas manhas cálidas lembra-me você
Os canários e marrecos acordando o amanhecer
E nas margens do rio eu me embriagava na prata do sol
Se a minha alma está perdida na quero ser encontrado
Quando o advérbio do tempo se fizer canção
Eu te encontrarei frente ao espelho do sol
Junto às folhas tecem a pele do chão
Eu estarei com você perdido sem razão!
Nada importa ao calor do sol
o importante é que estamos perdidos!
DADOS DO AUTOR
Henrique Lucas é natural de Careiro - AM.
É Mestre em Ciências da Educação. Membro da Academia de Artes, Ciências e Letras do Brasil - ACILBRAS; da Academia Mineira de Belas Artes – AMBA. Autor de “Braços do Sol” , Meninos de Papel e de participou e participa de várias antologias.
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