sábado, 6 de junho de 2020

Braços do Sol e Outros Poemas * Henrique Lucas - AM

Braços do Sol e Outros Poemas
Henrique Lucas - AM
O PÃO DAS ÁGUA

Braços do Sol 


Merso que prateia lendas e encantamentos
E banha de fertilidade os caboclos em acalanto
Que nas hiléias densas rasga a física do tempo
No cultivo das várzeas féculas e alimento
É o rio de Ajuricaba a força, a arribação
Que nos moinhos de águas barrentas e escuras
Cascateia o eu lírico das pontes da inspiração
Banhando as cidades e mitigando a sede da população 

Éden de pipas - borboletas e ninhais tropicais
Que arrebenta os berçários em crônicas geniais
Nas fábulas das Yaras e contos das cigarras
Torna-se pátria das canoas das guerreiras
Doretes Entre sonhos e girassóis o nascer à parição
Madeira, Negro, Purus, tapajós e Solimões
Abraço-te oh Amazonas meu doce pulmão 

Neste Mar Norte de palácios verdes
Os sonhos de Orellana o conquistador 
E a saga dos nordestinos, povo sofredor
Brotaram feitos beija flor em lirismo tropical
Nas Tabatingas, pedras pintadas e Cachoeiras
No batismo e comércio do látex das seringueiras
Abracemos os berçários e vaga-lumes - farol
No florescer da Poesia dos Braços do Sol 


Pernambuco meu Nordeste destemido 

Vem do sol, da terra, das ondas do mar 
Vem das areias, corais e litorais 
Nos versos da poesia a rimar 
Vem meu Pernambuco 
Meu horizonte lugar 
Nas janelas da Recife colorida 
Maracatu, frevo e sobrados 
O Capibaribe rio da minha vida 
Pelo mangue, meninos e caranguejos 
Paranãpuka foz de velas destemidas 
Teu beijo de açúcar e café 
No romance de um mangue de fé 
Peixes de lata, de plásticos e desatinos 
Viva a literatura de João Cabral 
Viva Pernambuco, meu Nordeste destemido 

MENINOS DE PAPEL

Na eternidade do Sol 

Uma chama vem de teus olhos ardentes 
E o teu sorriso-veneno é um tremendo fogaréu 
Um oceano me afoga rapidamente 
Mais meu coração pega fogo em teu calor 
Para onde ir, para onde fugir 
Se tua imagem é fagulha celeste 
A conexão do divino amor 
Respiro a tua canção 
Esculpida em uma rede digital 
Numa viagem, em um porto de areias 
Vejo teu rosto numa tela marginal 
Sem esquecer jamais 
De teus olhos de fogo 
Do abraço de felicidade 
Dos segredos de um cálice 
De um calor efêmero 
Na eternidade do sol 

SAUDADE E PAIXÃO

Perdidos 

O perfume das flores nas manhas cálidas lembra-me você 
Os canários e marrecos acordando o amanhecer 
E nas margens do rio eu me embriagava na prata do sol 
Se a minha alma está perdida na quero ser encontrado 
Quando o advérbio do tempo se fizer canção 
Eu te encontrarei frente ao espelho do sol 
Junto às folhas tecem a pele do chão 
Eu estarei com você perdido sem razão! 
Nada importa ao calor do sol 
o importante é que estamos perdidos!


DADOS DO AUTOR

Henrique Lucas é natural de Careiro - AM.
É Mestre em Ciências da Educação. Membro da Academia de Artes, Ciências e Letras do Brasil - ACILBRAS; da Academia Mineira de Belas Artes – AMBA. Autor de “Braços do Sol” , Meninos de Papel e de participou e participa de várias antologias. 
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